segunda-feira, 11 de junho de 2012

O lixo do excesso - A "Ilha das Flores" de Jorge Furtado


Quando olhamos o mundo a nossa volta, nos deparamos com as chocantes incongruências construídas meticulosamente pela raça humana. Das espécies de vida que conhecemos fisicamente até então, o homem, é o única provida de um órgão cerebral desenvolvido. Uma esponjosa massa cinzenta composta por uma complexa rede de células que se comunicam entre si através de disparos elétricos, um universo tão misterioso e vasto quanto o próprio cosmo. 
Dentro deste complexo mecanismo transmissor, desenvolvem-se todas as teorias e ideologias políticas, filosóficas, econômicas, sociais, é nesse universo que florescem os prazeres, as dores e as emoções responsáveis pela razão existencial de nossas vidas.
Mas apesar de toda esta visão sobre esta incrível máquina pensante, parece que o ser humano ainda não conseguiu atingir a compreensão do poder da mente e seus pensamentos. Não obstante ter conquistado inúmeras façanhas do ponto de vista tecnológico e cultural, a civilização ainda adota procedimentos imbecis e arrogantes, onde os sistemas construídos para reger a vida humana no Planeta Terra sobrepujam a harmonia social, em prol de uma riqueza material e egoísta, alimentando o sentimento de ganancia e cobiça.  
Pode-se dizer que vivemos dentro de uma grande azia social, ocasionada durante um lento processo estrutural desde os primórdios da humanidadem onde os líderes humanos orgulham-se da tão sonhada democracia, conquistada, segundo eles, com muita dor e suor, e não se cansam de vomitar seus discursos hipócritas, pregando paz e progresso; ignorando as inúmeras feridas sociais e ambientais produzidas durante o putrefato processo de socialização humana.
E um dos reflexos deste ambiente "humanóico", convivemos de forma pueril com o EXCESSO. 7 bilhões de seres que levam suas vidas em pleno desequilíbrio. Se toda a população do mundo hoje, tivesse as mesmas condições e os mesmo hábitos de compra de países do primeiro mundo como por exemplo os Estados Unidos e a Europa, necessitaríamos de quatro planetas Terra para extrairmos os recursos naturais a fim de saciar a nossa sedenta voracidade consumista.
São fatos que retratam uma realidade de auto-flagelação adotada por uma raça de seres “inteligentes”, que caminha conscientemente sem rumo em direção a um futuro agonizante.
Uma das formas para exteriorizarmos nossas revoltas e indignações, reside na idéia de procurar transformar tais sentimentos em produtos críticos através da arte. E traçando um paralelo com a idéia do consumo excessivo, podemos encontrar um pensamento visceral sobre este comportamento no curta metragem, em estilo documentário, escrito e dirigido pelo cineasta gaúcho Jorge Furtado em 1989 intitulado "Ilha das Flores". Vencedor de vários prêmios, e eleito pela critica européia como um dos 100 mais importantes curtas-metragens do século passado, Ilha das Flores, usando uma linguagem praticamente cientifica, mostra como se desenrolam as relações de desigualdades humanas e suas conseqüências dentro de nosso sistema social, politico e ideológico.



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