terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O surrealismo oculto e místico de Leonora Carrington


leonora carrington
Leonora Carrington - 1917/2011
Uma imaginação desnorteante de espírito livre, é assim que Leonora Carrington construiu sua existência e obra neste plano. Desde muito jovem já demonstrava uma insatisfação constante diante ao senso comum de uma criação ortodoxa a qual era submetida por sua família burguesa, sendo expulsa de várias escolas religiosas, até seus pais se convencerem e mandá-la para estudar arte em Florença, onde deparou-se com a beleza e magnitude das obras dos antigos mestres da pintura e desde então resolveu nunca mais abandonar o ofício.

Um ocasional encontro com o surrealista Max Ernts, da início a uma drástica mudança em sua vida, fugindo com ele para Paris, vive um intenso e efêmero romance, e acaba formando um ciclo de convívio com artistas de vanguarda como Pablo Picasso, Salvadort Dali e Juan Miró, absorvendo suas influências e dando um novo entusiasmo à sua criação artística.

auto retrato
Leonora Carrington




Depois disso, penosos acontecimentos pairaram sobre sua vida - a guerra. perseguições políticas, o fim misterioso de seu romance com Ernst - a deixaram extremamente atordoada e acabaram levando-a a um colapso nervoso, vindo a ser internada em um hospício por decisão da família. Mas mesmo assim, debilitada mentalmente, conseguiu escapar mais uma vez das amarras sistêmicas, rumando para o México, aonde se rendeu aos encantos da riqueza cultural daquele lugar, residindo ali até o final de sua vida (2011), conhecendo a fundo a impactante obra de artistas da vanguarda mexicana como Frida Kahlo, Diego Rivera e Remedios Varo.







Toda essa sua trajetória do antigo para o novo mundo, as agruras do destino que se levantaram a sua frente, o convívio com artistas surreais e uma tremenda inclinação ao ocultismo e alquimia foram determinantes para suas inspirações artísticas que serviram de alicerce às suas pontes conectivas.


Um pouco de seu surrealismo místico:

leonora carrington
Autoretrato no inn of the dawn horse - 1937




Leonora Carrington
Você conhece minha tia Eliza? - 1941


leonora carrington
Samhain skin - 1975

leonora carrington
Solve me - 1957

leonora carrington
Portrait of Madame Dupant - 1947

leonora carrington
O gigante bebê (guardião do ovo) - 1947

leonora carrington
Lepidoptera - 1968


leonora carrington
La maja del tarot

Leonora Carrington
Ikon - 1988

Leonora carrington
Adieu Ammenotep - 1960

leonora carrington
Laberinto - 1975
leonora carrington
Quería ser pájaro - 1960
leonora carrington
Carta a Dana
leonora carrington
Mito de 1000 olhos

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O tropicalismo psicodélico dos bárbaros doces baianos

Qual produto musical experimental performático poderia surgir da confluência de quatro mentes baianas emergidas de um dos maiores movimentos musicais e culturais brasileiro? Armados de vigorosas fusões sonoras intercaladas com agradáveis e intensos tons de voz, os  Doces Bárbaros invadem o cenário musical e ateam fogo no mercado do entretenimento brasileiro em meados da década de 70, mais precisamente em 1976, no apogeu da opressão cultural da ditadura militar.

Gil, Bethânia, Gal, Caetano


Gil, Caetano, Gal e Bethânia, além da cumplicidade vocal e musical, formavam uma simbiose performática que explodia expressão em cima dos palcos, um espetáculo que percorreria em turnê as principais capitais brasileiras.

Gilberto Gil e Caetano Veloso acabavam de voltar do exílio, porém a política do Brasil ainda passava por turbulências e o ferrenho combate ideológico militar imperava, e o espetáculo musical e teatral dos Doces Bárbaros parecia perturbar as entranhas da sociedade, sendo duramente criticado na época, por setores da imprensa e do público, sendo que mais tarde ficou claro para todos que o projeto desencadeou um dos maiores discos do rock produzidos no país.

Doces Bárbaros



Isso mesmo rock, nada de MPB, como muitos falam, Doces Bárbaros foi um disco de rock, das axilas até a ponta dos pés, uma fusão de ritmos regionais brasileiros acompanhado de distorções de guitarra e quebradas de bateria que dão o toque licérgico característico da era psicodélica dos anos 60 e 70. 

Juntamente com a turnê, nascia a ideia de trazer para o Brasil aquilo que as bandas de rock já estavam fazendo no exterior, filmar e produzir um documentário dos shows mostrando a concepção da ideia, os bastidores e a reação da mídia e da plateia.

Doces Bárbaros - 1976


Foi assim então que surgiu o documentário Os Doces Bárbaros, sendo o disco também gravado durante os espetáculos. O documentário dirigido por Jom Tob Azulay, relata também o polêmico e presunsoço episódio onde a polícia invade o quarto do hotel de Gilberto Gil, durante a turnê em Florianópolis, e encontra um baseado de maconha em seus pertences, sendo julgado e condenado conforme relato do Juiz: Após a sua prisão e entre suas primeiras declarações feitas a imprensa, Gilberto Gil declarou que "gostava da maconha e que seu uso não lhe fazia mal e nem lhe levava a afazer o mal". Em Juízo Gilberto Gil declarou que o uso da maconha "o auxiliava sensivelmente na introspecção mística. Assim as palavras primeiras de Gilberto Gil podem ter a mesma ressonância rítmica e poética de Refazenda, o Abacateiro, mas não encontram ressonância na ciência e experiência humana. Apesar disso não se pode afirmar que Gilberto Gil, uma das mais lídimas expressões da música popular brasileira, inconteste ídolo da juventude, seja um apologista inconsciente do uso de drogas. Julgo procedente a denuncia para determinar a internação do denunciado Gilberto Gil, no instituto psiquiátrico São José, por período suficiente a sua recuperação.

Durante sua internação o grupo permanece estagnado, e após a sua saída do hospício o quarteto retorna com furor e as apresentações no Rio de Janeiro se tornam um verdadeiro sucesso de mídia e de público.

Um incrível registro de um magnífico espetáculo do transcendentalismo musical.






  
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