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Christo e Jeanne-Claude |
Tudo começou em 1958 com um pequeno contêiner embrulhado com lona e adornado com cola, areia e tinta. A partir daí Christo Yavashev, começou a transformar em arte seus empacotamentos, trabalhando em escala colossal. Juntamente com sua mulher Jeanne-Claude Denat, contribuíram para o desenvolvimento do conceito de earth art (tipo de arte em que o terreno natural é trabalhado de modo a integrar-se à obra).
Suas obras são resultado de um complexo processo de concepção que envolve uma enorme gama de recursos humanos e materiais. Mas ao contrário do que se pensa, estas imensas estruturas construídas transitoriamente em meio a natureza, que consomem uma grande quantidade de matéria prima, mão de obra e dedicação, formam um conjunto coletivo de ingredientes que revelam um incrível senso de trabalho em equipe e de sustentabilidade ecológica. Depois de expostas as estruturas são desmontadas e nenhum vestígio permanece no local que possa denunciar indícios de que o gigantesco aparato ali esteve montado. Todo material descartado é reaproveitado e ou reciclado.
A ideia de usar o tecido para revestir temporariamente paisagens tanto urbanas quanto naturais, traduzem um ciclo que muitas vezes pode ser encarado como o da vida material, onde um corpo frágil e ao mesmo tempo complexo existe transitoriamente em meio um intrincado conjunto coletivo de processos e interações.
Outra característica peculiar nos trabalhos e projetos do casal é que os recursos financeiros são subsidiados pelos próprios artistas, através da arrecadação de fundos com a venda (a preço de obra de arte) do processo que Christo intitula de a Fase de Hardware (desenhos, fotografias, mapas, maquetes, croquis), que são preparatórios para a fase de execução, e não aceitam nenhum tipo de patrocínio. E o dinheiro que recebem destas vendas é destinado todo a fase de preparação, finalização, manutenção e remoção, não há lucro, nem dinheiro de volta, "é como criar um filho", explica Jeanne, que já deixou esta passagem transitória corporal em 2009.
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A cadeira envolta (wrapped chair) - 1961 |
Um de seus primeiros trabalhos, exposto no Museu de Arte de Cleveland, EUA.
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Pacote (Package) - 1965 |
Os pacotes lacrados refletem a primeira impressão do artista, sobre as embalagens ocidentais - o mesmo havia fugido da Alemanha Oriental em 1958 - envolvendo completamente o conteúdo com um tecido dobrado de forma complexa e então os amarra com cordas. Eis que o conteúdo permanecerá para sempre cerrado dentro do embrulho, e sua desocultação acarretaria na destruição da obra. Esta idéia é interpretada por Christo quando, em 1962, envia um ‘pacote’
para o artista americano Ray Johnson, que o abriu para encontrar uma
fotografia do pacote e uma nota informando que ele tinha arruinado a
obra de arte.
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Wrapped Coast (Costa embrulhada) 1969 |
Em 1969, o primeiro projeto em escala colossal em paisagens naturais, envolver em tecido e corda o sinuoso litoral rochoso de Little Bay, na costa australiana. O trabalho levou apenas um mês para ser executado e contou com a participação de mais de 100 pessoas, entre engenheiros, alpinistas e trabalhadores em geral.
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Wrapped Coast - 1969 |
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Valley Curtain (Vale Cortina) - 1972 |
Entre 1970 e 1972 foi a vez do casal içar velas rumo aos estados Unidos, mais precisamente em Rifle no Colorado, onde uma cortina gigantesca foi colocado em meio ao vale serpenteado por belas montanhas rochosas. Esse projeto exigiu muito esforço e paciência por parte da dupla, que teve sua primeira tentavia frustrada devido a forte influência dos ventos, uma vez que o apoio artificial da cortina de poliamida laranja variava entre alturas de 55 a 110 metros.
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A imensa cortina laranja que cortava o vale Rifle |
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Vista aérea do Vale Cortina - 1972 |
Valley Curtain demonstra a efêmera essência das obras intervensionistas de Christo e Jeanne-Claude, pois devido a força dos ventos a cortina teve quer ser removido apenas 28 horas após sua coolocação, demonstrando a dedicação e determinação dos artistas para ver a ideia materializada através da conclusão do projeto.
Outro grande desafio à perspicácia do perseverante casal foi a obra
Running Fence uma cerca de tecido de 38 km de extensão através do estado da Califórnia, erguendo-se do Oceano Pacífico ao sul de Bodega Bay, levando 4 anos desde a concepção até sua montagem.
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Running Fence - 1976 |
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Running Fence (vista aérea) - 1976 |
Em 1983 as ilhas cercadas (
Surrounded Islands) foi mais um colossal trabalho envolvendo arquitetura, engenharia e arte, e requereu também, assim como em todos os seus trabalhos, um amplo projeto de impacto ambiental com biólogos e ornitólogos, sendo que junto com o desenvolvimento do projeto foram coletadas mais de 30 toneladas de lixo em volta das 11 ilhas da Baía de Biscayne em Miami.
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Surrounded Islands - 1983 |
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Surrounded Islands - 1983 |
Talvez o projeto mais escultural do casal o envolapamento da Ponte Neuf em Paris contou com mais de 300 colaboradores, depois de autorização concedida tanto pelo prefeito da cidade quanto do presidente francês.
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Pont-Neuf Wrapped - 1985 |
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Pont-Neuf Wrapped |
Em 1995 foi a vez do parlamento alemão receber o embrulho de Christo e Jeanne-Claude.
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Wrapped Reichstag - 1995 |
Após partida de sua companheira Christo concebeu mais um incrível obra pensada por eles: o
Big Air Package (Grande
Pacote de Ar), em gigantesco pacote erguido dentro do Gasômetro de
Oberhausen, na Alemanha. A instalação consiste numa gigantesca estrutura
de tecido - o maior tecido inflável sem estruturação já feito - de 90
metros de altura, 50 metros de diâmetro e 177,000 m³ de volume.
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Esboço Big Air Package |
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Interior do Big Air Package |
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Big Air Package - 2010 |
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