sexta-feira, 29 de junho de 2012

Neil Young - Rock'n Roll nunca morrerá

camiseta, rock, poster, bolsaLa se vão 44 anos de estrada, desde que Neil Young iniciara sua carreira musical como guitarrista do Buffalo Springfield em 1968, e depois com Crosby, Stills (seu companheiro no Buffalo) e Nash, formou um dos quartetos de vozes mais estonteantes que a música folk rock jamais viu ou verá, gravaram o LP Deja Vu e fizeram imenso sucesso entre 1969/70. Desde então, sua brilhante trajetória atravessou o tempo com uma vasta obra marcada pela influência raiz, das músicas de contry e folk, ritmadas pelo compasso de sua guitarra distorcida e enérgica, lembrando muito o rock grunge dos anos 90, ou vice versa, talvez seja a música grunge dos anos 90 que lembre Neil Young. Seu novo álbum lançado em 2012 "Americana", com sua banda Crazy Horse (formação original) é uma contemplação a sua carreira e um balsamo ao amantes do velho e bom rock. Young mostra que para reinventar-se basta ser autêntico. Conservando as raízes folck rock, as canções são todas gravações do século 19 e algumas da metade do século 20, todas rearranjadas por ele e pela Crazy Horse. Emanando nostalgia e cheirando a carvalho envelhecido, simplesmente rock. "Hey, hey, my, my, rock and roll can never die"!




Clipe do novo albúm do sempre controverso Young, da música "Oh Susanna", gerou polêmica devido a cenas de um gartoinho fumando.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

A Subversão Literal de Chuck Palahniuk

Um direto no queixo do estilo de vida contemporâneo. Assim mesmo que a obra de Chuck Palahniuk pode ser considerada. A busca de um significado em meio a um mundo superficialmente material, uma questão complexa e para muitos insana. Uma crítica mordaz ao sistema de vida norte americano, adotado como base do pensamento consumista, que se alastrou pelos continentes através da nova ordem da globalização. Baseado nisso Palahniuk constrói uma lúcida e contundente obra, caracterizada por altas doses de subversão emocional, física e psicológica. Seus personagens são indivíduos perplexos que convivem em luta com conflitos intrínsecos moldados pelo ambiente que os envolve, asfixiados nas angústias de uma vida frustrada, esparsa e sem sentido.
David Finchner
Filme "Clube da Luta"
Em "Clube da Luta", escrito em 1996, e magistralmente adaptado ao cinema por David Finchner, suas idéias corrosivas são expostas na personalidade marcante dos personagens, quando o narrador da estória, busca através do consumo material, encontrar sua essência existencial, e em determinado momento de sua vida, percebe o buraco ilusório que estava cavando em seu destino. A partir daí a trama chocantemente se desenrola em torno de um enigmático clube de luta clandestino. Um livro aterradoramente fantástico que retrata de forma irônica, violenta e auto destrutiva, as mazelas ideológicas que configuram o pilar da tão sonhada modernidade.



O autor - Chuck Palahniuk

escritor, electromundo
Chuck Palahniuk
Nascido em Pasco, Washington a 21 de Fevereiro de 1961, Palahniuk, apesar de ter formação acadêmica de jornalismo, antes da carreira de escritor, exercia a profissão de mecânico de automóveis. Dedicava-se também a trabalhos voluntários em hospícios, abrigos para sem-teto e dava carona a pacientes terminais até os locais onde se reuniam os grupos de apoio. Ele ainda era membro de um grupo que criticava a apatia da sociedade diante da ordem econômica, política e social estabelecida pela elite dominante. Desde cedo fora um ávido leitor, Palahniuk aproveitou sua paixão pela literatura e suas experiências de vida para nutrir seu mundo imaginário e transformar toda a subversidade de seus pensamentos em livros e contos que afloram toda a perplexidade humana diante do caos social que nos cerca.
 




quinta-feira, 21 de junho de 2012

Sociedade da Grã Ordem Kavernista Apresenta Sessão das Dez


Sociedade da Grã Ordem Kavernista, uma seita ancestral, uma antiga confraria, ou uma conglomeração imaginária nascida na mente de Raul Seixas?  Esse foi o nome da banda que contava com a participação dos artistas Raul Seixas, Edy Star, Miriam Batucada e Sergio Sampaio. Gravaram um único álbum em 1971, pela gravadora CBS, onde Raul, até então trabalhava como produtor musical. A idéia foi realizar um experimentalismo sonoro. A gravadora não teria gostado muito do resultado, motivo pelo qual o disco "Sociedade da Grã Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10", teria sido pouco divulgado, aliado a isso, ainda haveria o problema do disco ser concebido no auge da ditadura militar, contribuindo ainda mais para o album ficar no ostracismo. Esses fatores elevaram os LPs originais ao statuts de raridade. 
A obra foi concebida em estilo de ópera rock, onde eram retratados os conflitos, problemas e a vida dos "forasteiros" que migraram, em meio a efervescência cultural, para a metrópole carioca no final da década de 60 e início de 70, atrás de seu destino artístico e musical. O disco "Sociedade da Grã ordem Kavernista Apresenta Sessão das Dez" é uma mistura de vários estilos: musica regional brasileira, samba e seresta (homenagens a velha guarda da boêmia carioca), rock e psicodelia, no mais característico estilo "raulzito", autor da maioria das letras em parceria com Sergio Sampaio, exceto "Soul Tabarôa", de Antônio Carlos e Jocáfi e "Chorinho Inconsequente", parceria de Sampaio com Edy Star.
Uma reunião de quatro grandes mentes da música brasileira. Raul Seixas, dispensa comentários. Com sua visão profeticamente irônica e crua, desde cedo foi o soco no estômago da demagogia social. Sergio Sampaio com suas sombrias composições agoniantemente poéticas, influenciado por elementos de Kafka e Augusto dos Anjos. Edy Star desfilava sua inventividade, usando suas performances irreverentes (tido como um dos primeiros artistas Glam do Brasil) e pra fechar Miriam Batucada com sua voz doce e suave, dava o toque de leveza ao "subversivo" e experimental quarteto fantástico. 
      
Raul Seixas, Edy Star, Sérgio Sampaio e Miriam Batucada
Sociedade da Grã Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10 - 1971

"Eu comprei uma televisão,
À prestação, à prestação.
Eu comprei uma televisão,
De distração, de distração,
De distração..."

Trecho da faixa "Sessão das Dez".

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O fim da Infância - Arthur Clarke

O fim da infância
O fim da Infância - 1953
Um mundo aonde a infância abandona a humanidade, já não é mais íntimo de nós. Nesta sensacional obra, Clarke reúne conceitos e teorias de ficção, evolução, transcedentalidade, ciência e mistério, usando dos mecanismos que forjararam a herança cultural da civilização humana no Planeta Terra, para envolver o leitor numa obra crivelmente profética. 
Em meio a guerra fria uma raça superior à humana emerge do espaço, e repousa suas gigantescas naves sobre as maiores cidades do planeta, causando espanto, alvoroço e uma certa angústia nos seres humanos. Mas ao contrário do que se esperava, os misteriosos seres intergalácticos não pretendem conquistar o planeta e escravizar a raça humana, eles estão aqui para conduzir a humanidade a um período de prosperidade jamais visto, dando fim aos distúrbios sofridos pela humanidade, como fome, guerras e a marginalidade. Os "Senhores Supremos" cultivam a benevolência e o apreço a raça humana, porém eles têm suas regras: nenhum ser humano poderá conhecê-los e a exploração espacial está determinantemente proibida. "As estrelas não são para os homens" - afirmam eles.
A humanidade mesmo assim, continua apreensiva, cultivando seu implacavél interesse pelo desconhecido, tentanto desvendar os segredos escondidos por detrás do propósito maior dos Senhores Supremos. No transcorrer de 100 anos de história alguns segredos vão se revelando, outros permanecerão ocultos até que a humanidade esteja pronta, até que a raça humana conheça o destino que lhe foi traçado.
Um livro misterioso e instigante, com um final fantástico, transcedental e incrivelmente lógico.



O Fim da Infância na música do Pink Floyd



O romance de Clarke inspirou  a banda inglesa Pink Floyd a criar a canção homônima (em inglês, Childhood's End), onde David Gilmour, autor da letra, faz sua interpretação da obra em passagens memoráveis como: "Haverá guerra e haverá paz. Mas tudo um dia acabará. Todo o ferro ficará enferrujado. Todos os homens orgulhosos virarão pó."



sexta-feira, 15 de junho de 2012

Nação Jazz II - Art Blakey and The Jazz Messengers

Como uma aparente derrota pode se transformar, dependendo do ponto de vista da pessoa, em uma bela oportunidade. Essa foi a lição que Art Blakey deixou, além é claro de sua majestral herança musical. Art teve sua carreira de pianista drasticamente interrompida quando o dono do Clube onde ele tocava, o trocou por um exímio pianista. Porém ele não se abalou e encontrou nesta jogada do destino uma chance de dar a volta por cima e acabou se tornando um dos maiores bateristas de jazz da história. Mais tarde acabaria formando a banda Art Blakey & The Jazz Messengers, juntamente com o pianista Mary Lou Williams. Sinta o som da bateria de Blakey e sua trupe em A night in Tunisia. Espetáculo!!!


Nação Jazz - St. Thomaz por Sonny Rollins


O jazz nasceu nos Estados Unidos no início do século XX, mas suas raízes como bem sabemos são puramente africanas. Um povo explorado historicamente que ajudou a construir a civilização ocidental com sua mão de obra escrava. Os negros foram responsáveis também pela construção de um riquíssimo e contagiante legado musical como o blues, o gospel e é claro o jazz.
 Um som onde a liberdade comanda a harmonia entre músicos que tocam em perfeita sincronia na base do improviso alternando solos instrumentais de forma genial.
Muito cultuado também pelos beatniks, devido a sua liberdade criativa de improvisação, o Jazz foi um dos elementos influenciadores adotados por estes jovens americanos em suas experiências transcendentais.
Muito se escreve e se fala sobre jazz pela internet em inúmeros sites e artigos, então vamos direto ao assunto, ouvindo, desculpem, ou melhor, sentindo a vibração das ondas sonoras da música "St. Thomas" comandada pelo saxofone de Sonny Rollins, e seus parceiros Kenny Drew no piano, Niels-Henning Orsted Pedersenpra, no baixo e Albert "Tootie" Heath na bateria, numa incrível improvisação harmônica pra lá de inspirada.
Por alguns minutos, desvincule-se de pensamentos. Tire seus calçados. Diminua o ritmo. Procure se acomodar da melhor forma possível em sua cadeira, cama, poltrona ou até mesmo no chão. Acalme-se, e sinta o ar fluir calmamente por seus pulmões. Apenas abra seus sentidos e deixe-se levar pela vibração sonora do Jazz.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

O lixo do excesso - A "Ilha das Flores" de Jorge Furtado


Quando olhamos o mundo a nossa volta, nos deparamos com as chocantes incongruências construídas meticulosamente pela raça humana. Das espécies de vida que conhecemos fisicamente até então, o homem, é o única provida de um órgão cerebral desenvolvido. Uma esponjosa massa cinzenta composta por uma complexa rede de células que se comunicam entre si através de disparos elétricos, um universo tão misterioso e vasto quanto o próprio cosmo. 
Dentro deste complexo mecanismo transmissor, desenvolvem-se todas as teorias e ideologias políticas, filosóficas, econômicas, sociais, é nesse universo que florescem os prazeres, as dores e as emoções responsáveis pela razão existencial de nossas vidas.
Mas apesar de toda esta visão sobre esta incrível máquina pensante, parece que o ser humano ainda não conseguiu atingir a compreensão do poder da mente e seus pensamentos. Não obstante ter conquistado inúmeras façanhas do ponto de vista tecnológico e cultural, a civilização ainda adota procedimentos imbecis e arrogantes, onde os sistemas construídos para reger a vida humana no Planeta Terra sobrepujam a harmonia social, em prol de uma riqueza material e egoísta, alimentando o sentimento de ganancia e cobiça.  
Pode-se dizer que vivemos dentro de uma grande azia social, ocasionada durante um lento processo estrutural desde os primórdios da humanidadem onde os líderes humanos orgulham-se da tão sonhada democracia, conquistada, segundo eles, com muita dor e suor, e não se cansam de vomitar seus discursos hipócritas, pregando paz e progresso; ignorando as inúmeras feridas sociais e ambientais produzidas durante o putrefato processo de socialização humana.
E um dos reflexos deste ambiente "humanóico", convivemos de forma pueril com o EXCESSO. 7 bilhões de seres que levam suas vidas em pleno desequilíbrio. Se toda a população do mundo hoje, tivesse as mesmas condições e os mesmo hábitos de compra de países do primeiro mundo como por exemplo os Estados Unidos e a Europa, necessitaríamos de quatro planetas Terra para extrairmos os recursos naturais a fim de saciar a nossa sedenta voracidade consumista.
São fatos que retratam uma realidade de auto-flagelação adotada por uma raça de seres “inteligentes”, que caminha conscientemente sem rumo em direção a um futuro agonizante.
Uma das formas para exteriorizarmos nossas revoltas e indignações, reside na idéia de procurar transformar tais sentimentos em produtos críticos através da arte. E traçando um paralelo com a idéia do consumo excessivo, podemos encontrar um pensamento visceral sobre este comportamento no curta metragem, em estilo documentário, escrito e dirigido pelo cineasta gaúcho Jorge Furtado em 1989 intitulado "Ilha das Flores". Vencedor de vários prêmios, e eleito pela critica européia como um dos 100 mais importantes curtas-metragens do século passado, Ilha das Flores, usando uma linguagem praticamente cientifica, mostra como se desenrolam as relações de desigualdades humanas e suas conseqüências dentro de nosso sistema social, politico e ideológico.



A Catacumba literal de H.P. Lovecraft, o criador do Terror Cósmico


escritor de terror, elctromundo
H.P. Lovecraft
Um expoente dos contos de terror e de horror. Sua obra foi praticamente baseada em temas do misticismo, magia negra, alquimia e sobrenatural. Cunhou o termo Cosmicismo ou Terror Cósmico que foi a base orientadora de seu princípio literário, trabalhando a idéia de que a vida é incompreensível à mente humana e que o universo é fundamentalmente alienígena.
Suas histórias são profundamente perturbadoras, sempre acalentadas por atmosferas sombrias, personagens misteriosos e criaturas estranhas, as quais dizia serem representações que perambulavam seus sonhos, ou seriam pesadelos?
Nos férteis vales mentais de Lovecraft, nasceram os Mitos de Cthulhu, culto mitológico baseado em monstros e seres fantásticos que habitavam os seus contos e suas estórias, que, juntamente com sua mais misteriosa e polêmica criação o livro Necronomicon, um grimório de ritos mágicos e sabedoria proibida, formam o alicerce de sua incrível obra.



O Necronomicon - O Livro dos Mortos
O livro dos mortos de H.P. LovecraftA principio o Necronomicon seria um livro ficticio criado por Lovecraft onde são descritos numerosos rituais para ressuscitar os mortos, contactar com entidades sobrenaturais, viajar pelas dimensões onde habitam estes seres, trazer de volta à Terra antigas divindades banidas e aprisionadas, que teria sido escrito em damasco pelo poeta árabe excêntrico Abdul Alhazred. É mencionado ainda que a sua simples leitura basta para provocar a loucura e a morte no leitor. Mas Lovecraft cunhou um misterio em torno do Necronomicon, ao fornecer inumeros dados supostamente reais a respeito de sua origem e história, existindo relatos de pessoas que acreditam piedosamente que o livro seja uma obra real. Um reflexo de toda a genialidade e habilidade criativa do escritor, ou seria , realmente, o Necronomicon, um livro oculto de saberes alienígenas?


A influência Lovecraftiniana 

O Cosmicismo lovecraftiniano influenciou varios gêneros artisticos. Bandas como Black Sabbath, com a música Behind the Wall of Sleep, título de um conto de Lovecraft (Atrás da parede do sono) e Mettalica com a faixa instrumental  The Call Of Ktulu, cultuaram suas estórias extraordinárias; e no cinema, inspirou filmes como o clássico The Evil Dead de Sam Raimi.
E então para encerrarmos esta funesta homenagem a Lovecraft, aí vai, uma passagem de sua obra, extraído do livro "O Caso de Charles Dexter Ward", um trecho para enfrentarmos os tempos difíceis que poderemos encontrar durante nossa jornada existencial:

Com o Sol na V casa, Saturno na tríade, desenho o Pentagrama do Fogo e pronuncie o nono verso três vezes. Repita este verso na véspera do dia da Cruz e de Todos os Santos e a coisa se multiplicará nas esferas exteriores. E da semente do velho nascerá Um que olhará para trás embora não saiba o que busca.”    

Fela Kuti e o Afrobeat

fela kuti
Fela Kuti
A história do Afrobeat começa por um jovem negro africano, que no final de década de 50, deixa sua terra natal com destino à Inglaterra, para estudar música. Misturando jazz, rock psicodélico, funk, e ritmos africanos, Fela Kuti, cria um ritmo híbrido que posteriormente seria batizado de Afrobeat.
No final da década de 70 Fela leva sua banda, África 70, para excursionar pelos Estados Unidos, deparando-se com o auge da guerra racial na América do Norte, onde acabaria por descobrir o movimento Black Power e o Partido dos Panteras Negras, vindo a se envolver profundamente com a ideologia e com os membros destas organizações, influenciando fortemente seu pensamento e convicção política.
Ao retornar para a Nigéria, Fela Kuti, acaba formando a República Kalakuta, uma comuna, composta por um estúdio de gravação e uma casa, onde abrigava simpatizantes conectados a música, e, a qual mais tarde ele declarou independente do Estado da Nigéria, causando um alvoroço entre os políticos e militares que governavam o país. Mais tarde aconteceria um triste episódio onde a República Kalakuta é atacada e e incendiada por militares, sendo Fela Kuti e seus integrantes espancados e torturados, dando fim a comuna independente de Kalakuta. 
Com sua ideologia libertária Fela comandava a banda através de performances contundentes e explosivas. Fela Kuti e África 70 formavam um turbilhão sonoro, como uma avalanche despencando montanha abaixo. Bateria, teclados, percussões, trombones, guitarras, trompetistas, baixo, saxofone, backing vocals e bailarinas, além do forte apelo ideológico e político, o palco transbordava de energia levando o público ao delírio.   
Fela Kuti
Open and Close/Afrodisiac - 1972
Revolucionário na música, no pensamento e na atitude, Fela Kuti construiu uma vasta obra sonora e ideológica. Um homem que acima de tudo sempre lutou por seus ideais, usando a música como arma contra as forças dominantes de um sistema opressor num continente excluído e marginalizado. Este foi Fela Anikulapo Ransome Kuti (Abeokuta, 15 de Outubro de 1938 — Nigéria, 2 de Agosto de 1997) um multi instrumentista, músico e compositor, ativista político, um gigante rítmico e acima de tudo um grande ser humano.



A sopa plástica da humanidade

electromundoUm dos resultados do consumismo desenfreado é a geração excessiva de resíduos descartáveis, em outras palavras, o LIXO, que pode ser de origem gasosa, sólida ou líquida, depositados em terrenos destinados a recebê-los ou simplesmente largados na rua, causando enormes impactos à natureza.
É o que vem ocorrendo nos Oceanos, com as Ilhas de Plástico que aumentam a cada dia. Por ser tão barato, popular e descartável, o plástico torna-se o elemento mais volumoso em nossa rotina cotidiana, e consequentemente também em aterros, lixões, rios e oceanos.
A tão sonhada “comodidade” da vida moderna vende a ilusão de quão gratificante é viver no mundo hoje. A vida mais fácil uma dádiva existencial. Sacos, sacolas, garrafas, caixas e embalagens, tudo é lixo descartável. A conveniência estimula o consumo impulsivo: imagine você entrando em supermercado para comprar uma escova de dente, por exemplo, e passando em frente a prateleira de refrigerante sente vontade de beber agua açucarada e gaseificada, você segue até aquele imenso painel colorido onde ficam expostas as latas e garrafas plásticas, apanha aquele de sua preferência, vai ao caixa paga e sai bebendo, depois disso, com altas doses de açúcar na corrente sanguínea, a embalagem é descartada; que tamanha praticidade não é mesmo, agora imaginemos, se em vez de lata, esse líquido aditivado e colorido fosse vendido em embalagens retornáveis, vidro por exemplo, ou o denominado "casco", você teria que ter junto o vasilhame para poder fazer a compra, ou pagar mais caro para levá-lo consigo, e consequentemente não iria descartá-lo por que da próxima vez ele seria reutilizado e assim sucessivamente, porém muitos tem seus motivos para divergir desta tese, dizendo que seria um retrocesso, uma regressão, até mesmo falta de liberdade de escolha, mas agora vamos inverter a relação desta cadeia consumista, em vez disso, as empresas teriam que arcar com o custo ambiental - que aliás não existe no cenário capitalista contemporâneo - os fabricantes seriam obrigados a recolher todo o material descartado oriundo deste processo de fabricação e consumo. Será que a tese  do retrocesso seria mantida? 
Infelizmente estas ideias parecem ser utópicas, mas servem para demonstrar o quanto a máquina consumista exerce influência sobre o comportamento de compra dos indivíduos, e tudo isso acontecendo dentro de um planeta onde o lixo cresce de maneira proporcional a uma população colossal, e consequentemente vai se tornando parte das paisagens e dos ecossistemas. Aliado a esse fator existe ainda a precariedade de políticas públicas de descarte de resíduos onde se pode ver nitidamente a influência das grandes corporações envolvidas em jogo, e o problema de base educacional de uma população que sofre amnésia crítica, sendo assim, vamos convivendo com as consequências desse lamentável cenário, causando danos irreparáveis ao planeta, à fauna animal e consequentemente a nós mesmos.
Milhões de toneladas de resíduos plásticos boiam pelos oceanos, e em alguns lugares formam amontoados colossais de lixo, como a Ilha de Plástico do Pacífico, situada entre a costa da Califórnia a meio caminho do Japão, com uma área maior do que o tamanho dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo juntos, e a Ilha de Plástico do Atlântico Norte, mais recentemente descoberta, localizada numa área de convergência próxima ao Estado norte americano da Geórgia.
Grande quantidade desta matéria plástica acaba voltando para nosso organismo através dos peixes, que ingerem minúsculos detritos oriundos da decomposição do plástico. Isso significa, que, em outras palavras, quem se alimenta de peixe também corre o risco de estar comendo plástico e todas suas toxinas, que podem ter efeitos devastadores em nosso organismo, como por exemplo, doenças cancerígenas. 
Esse, infortunadamente, representa o ciclo vicioso que molda nossa rotina de seres que se julgam racionais e sociais, se nutrindo da necessidade consumista para aumentar e gerar riqueza para uma minoria, e mais  emprego alienante para trazer renda econômica a uma maioria que consequentemente irá revertê-la em consumo novamente. E o ciclo econômico, em meio ao consumo e ao lixo, segue sua trajetória. 
Mudar este atual paradigma, dependerá da emersão de uma consciência coletiva, um rompimento com certas práticas inquestionáveis até então. Avançamos rumo a uma nova era, onde teremos que fortificar nossa bagagem de conhecimento, ter paciência para olhar e ter domínio sobre desejos e vontades.
Portanto eis um antigo ditado oriental para reflexão: “O seu lixo sempre volta à sua porta, cabe a você escolher a cara dele!”

Camiseta, desde sempre a alternativa!

camiseta
A camiseta, figurino em "Juventude Transviada"
Talvez hoje a peça de roupa mais usada e versátil presente no guarda roupas. A camiseta tal como ela é hoje, nasceu no início do século XX, na Europa, quando era usada como roupa de baixo para proteger os homens da transpiração e do frio. Os trabalhadores braçais da época, para não rasgar as camisas, usavam só as camisetas para trabalhar.
Vem a 1ª Guerra em 1914, e para ficarem mais confortáveis dentro de seus uniformes, os soldados europeus usavam por baixo camisetas de algodão. Os americanos, morrendo de calor dentro de seus uniformes de lã, adoraram a novidade e a levaram aos Estados Unidos. Seu design em forma de T levou a peça a ficar conhecida como T-shirt em inglês.
Já na 2ª Guerra a camiseta torna-se peça chave dos uniformes da marinha e do exército americano. Sendo considerada ainda como peça de baixo, mas o publico acostumava-se a ver nas revistas, fotos dos soldados com as camisetas ao fazerem trabalhos pesados ou em lugares quentes.
A partir da década de 50, começam a emergir movimentos de rebeldia e contestação entre os jovens norte-americanos contra o conservadorismo ortodoxo que imperava na sociedade. A camiseta até então era considerada uma peça intima, tanto quanto uma cueca ou uma calcinha. Filmes começam a retratar esse fenômeno social anti-conservador dando destaque para as novas formas de se vestir. A primeira camiseta aparece no cinema, vestida por Marlon Brando no filme “Um Bonde Chamado Desejo” e posteriormente reafirmada por James Dean no clássico “Juventude Transviada”. A partir daí a camiseta passa a fazer parte da indumentária das pessoas também na vida civil se tornando sinônimo de rebeldia.
Na década de 60 na esteira dos movimentos anti-guerra e a favor da liberdade a camiseta veste as cores psicodélicas dos hippies. Na onda do liberalismo, ainda nesta época, a camiseta passa a fazer parte do vestuário feminino, tornando-se unissex.
Na década de 70 adquirem a maioridade e continuam ainda com mais intensidade a serem usadas como meio de expressão. Ainda nesta década a indústria percebe o poder de comunicação das camisetas e passa a usá-la como suporte para propaganda, carregando símbolos e marcas de refrigerante, por exemplo.
Nas décadas seguintes de 80 e 90 a camiseta começa a trazer em suas estampas as marcas de grifes, passando a ser usada por pessoas de todas as idades de qualquer segmento social, sem comprometimento com causa ou ideologia.
Nos anos 2000 a customização é a palavra de ordem e a camiseta continua democrática, servindo a todos os gostos, desde campanhas políticas à estampa de filmes e grupos musicais.

Este simples pedaço de pano em formato de T, acompanhou as metamorfoses culturais ocorridas no século passado, materializando toda uma ideologia libertaria que nasceu nos idos da década de 50, quando a juventude rompia o casulo repressor imposto pelo tradicional estilo de vida da sociedade, usando a camiseta como um símbolo, para expressar o inconformismo que vinha sofrendo. Passados décadas desde seu surgimento, a camiseta, unindo conforto e estilo, passa então a ser usada e reverenciada não só pela juventude, mas sim por todas as tribos, sem distinção de idade, sexo, cor ou credo, passando a ser a peça de roupa mais democrática da história.

Enquanto a vida passa a humanidade agoniza

No mês de março de 2012, mais precisamente entre os dias 26 e 29, ocorreram intensos debates envolvendo cientistas especializados em temas sócio-ambientais, no congresso intitulado “Planet Under Pressure” (Planeta Sob Pressão), realizada em Londres. Reunidos neste debate os cientistas chegaram a “inesperada” conclusão de que o funcionamento do sistema terrestre que viabilizou a civilização nos últimos séculos está ameaçado, e o resultado disso poderá ser uma emergência humanitária de escala global, com a intensificação das crises sociais, econômicas e ambientais. E agora mais recentemente o tema novamente foi abordado na conferência sobre sustenbilidade global promovida pelas Nações Unidas no Rio de Janeiro, denominada de Rio + 20, onde as lideranças mundiais reuniram-se para discutir o estilo de vida da humanidade contemporânea.
Ora, ora, será que a precisamos de mais debates, estudos ou provas científicas, para termos convicção de que a humanidade agoniza? Não basta sair às ruas e olhar em volta, e ver os rios de água potável sucumbindo em meio a fétidos detritos emanados pelo frenético processo industrial? Pegar um produto industrializado na prateleira de um super mercado e ler seu rótulo e ver que são compostos por uma miríade de produtos químicos? Saber que uma imensa ilha de dejetos plásticos flutua pelo Oceano Pacífico? Ver que ao redor de nossas cidades, a população de baixa renda, juntamente com a quantidade enorme de animais que perambulam pelas ruas, cresce vertiginosamente? Analisar o crescente número de veículos automotores consumidores de petróleo que circulam exprimidos pelas ruas e avenidas das grandes cidades, exalando seus gases bem debaixo de nossos narizes? As megas corporações, como parasitas, sugando esfomeadamente o sangue negro dos lugares mais remotos do planeta, perfurando profundas camadas de rocha no fundo do mar, sem se importar com as conseqüências e com os possíveis desastres ambientais? Que nos alimentamos basicamente de agrotóxicos, os quais são despejados sobre as plantações em quantidades gritantes? Perceber que os meios de acesso à cultura e a informação estão cada vez mais tendenciosos e alienantes?
O sistema articulado como tal, para reger a vida humana neste planeta está à deriva - feito um imensa aeronave desprovida de piloto, prestes a aterrissar – a colisão parece ser inevitável.
Ou devemos crer, que num futuro próximo estaremos nos locomovendo com meios de transporte alimentados por energia sustentável? Que a energia nuclear será abolida do planeta? Que a população terá uma renda melhor distribuída e crescerá num ritmo controlado? Que consumiremos apenas produtos naturais cultivados sob um processo orgânico com adubos, fertilizantes e venenos naturais? Que as escolas passarão a educar cidadãos e não somente técnicos? Que em troca da busca desenfreada pelo lucro, poderemos trabalhar menos e dedicarmos um pouco mais de tempo a contemplação das artes e ao ócio criativo? 
Eis as questões. Agora resta-nos meditar...

Edvard Munch
O grito












A obra expressionista de Edvard Munch "O Grito", representa bem toda angústia e o desespero existencial de uma civilização que ruma ao colapso.

Helter Skelter - o legado Heavy Metal deixado pelos Beatles

beatles

A primeira música a iniciar uma pegada mais pesada no rock, nasceu das mentes inventivas dos Beatles, mais precisamente do vigor deliberado de Paul McCartney para criar uma canção mais alta e distorcida do que a musica I Can See For Miles, do The Who. Quando Paul leu uma entrevista de Townshend, onde este dizia que era o som mais barulhento e pesado que o Who criara até então.
Helter Skelter foi gravada no “Álbum Branco” de 1968, em esforço conjunto dos Beatles e do engenheiro de som George Martin. Tentando fazer a bateria soar o mais alto que pudesse. Incessantes gravações foram feitas para tentar deixar o som cada vez mais sujo, com Ringo tocando o mais forte e feroz que podia. Após o 18º take, Ringo Star já estava exausto e não aguentava mais tocar bateria daquela maneira selvagem, e então atirou as baquetas no chão e gritou “I've got blisters on my fingers!” (Eu estou com bolhas nos dedos). Os Beatles acabaram incluindo a fala do baterista no final da música na versão estéreo.

beatles
White Album - 1968

Numa época onde os recursos de gravação eram limitados, os Beatles mais uma vez mostraram sua capacidade de criação, construindo uma musica que influenciaria um novo e cultuado estilo de rock.  
A canção esteve ainda ligada a um dos episódios mais bárbaros e bizarros da história norte americana, o caso Tate-LaBianca, duas chacinas ocorridas em Hollywood de autoria de membros da denominada família Manson, que escreveram com sangue nas paredes das casas das vitimas os dizeres “Helter Skelter”.
Helter Skelter mexeu com a perturbada mente de Charles Manson, o qual dizia que a letra fazia referencias proféticas a uma suposta confusão no mundo, uma guerra racial, que desencadearia um conflito étnico mundial. Esta idéia apocalíptica motivou Manson a fundar uma comunidade - numa pequena fazenda no interior da Califórnia, próxima a Los Angeles - que se submetia as suas estranhas doutrinas. O acontecimento foi tão marcante que o advogado que liderou a acusação de Manson escreveu um livro contando a história, intitulado de “Helter Skelter”, dando origem ao filme homônimo.

Charles Manson
Helter Skeleter - o filme (2004)
John Lennon disse em uma entrevista a revista Rolling Stone em 1970: "Costumávamos tirar sarro disso ou daquilo, de uma maneira não ofensiva..." E sobre a canção, "… Mas eu não sei o que ‘Helter Skelter’ significava, pra mim era só barulho."
No projeto "The Beatles Anthology" Paul disse: "Manson nos interpretou como ‘os quatro cavaleiros do Apocalipse.’ Eu ainda não entendo qual foi a jogada; é sobre a Bíblia, Revelação – Eu não li então eu não sei. Mas ele interpretou a coisa toda. Nós éramos os cavaleiros, Helter Skelter era a mensagem, e ele achou que podia sair e matar todos por aí."
Deixando de lado a psicopatia e os mistérios que rondam o subconsciente humano, o certo é que a eletrizante poeira sonora de Helter Skelter, inundou o mundo da música, como uma nuvem cósmica, trazendo interferências que distorceram as conexões sonoras, abrindo novos canais para o rock and roll.  
   


Escritores - Gênios da ficção e da distopia

O que seria de nossas vidas se não existissem seres com a capacidade visionária de assimilar acontecimentos presentes e poder transformá-lo em futuro?
Desta forma que os maiores escritores de ficção cientifica e de distopia (a arte de antever futuros pessimistas e opressores, sob uma atmosfera sombria, onde a dominação do sistema reina sobre os individuos) de todos os tempos construíam suas obras. Procurando extrair o cotidiano e imaginá-lo no futuro, contribuindo para refletirmos a repeito de nossa existencia no planeta Terra. 

Foi assim com Julio Verne no século passado, talvez o primeiro visionário da ficção científica, em sua obra “Paris no Século XX”, onde Verne imagina a cidade de Paris no ano de 1960, mostrando um contraste nebuloso entre a maravilhosa tecnologia da civilização urbana e uma população cada vez mais desculturizada. Apesar do livro ter sido escrito em 1863, Verne foi aconselhado a não publicá-lo na época devido a seu caráter depressivo, só veio a ser publicado em 1989, quando um manuscrito foi encontrado por um bisneto do escritor.

Já Arthur Clarke visionava o futuro intergaláctico, em meio à guerra fria e as viagens espaciais que aconteciam na época. Vislumbrava o ser humano habitando o espaço sideral com estações computadorizadas, colônias na lua, e longas jornadas tripuladas a planetas longínquos do sistema solar, levantando questões filosóficas sobre o mistério da origem da vida humana e de vidas em outros planetas.













Isaac Asimov seguia no mesmo gênero de Clarke, admirando o futuro através das estrelas. Sua grande obra para a literatura foi “Fundação”, uma trilogia a respeito de um futuro distante e de como o destino de seus habitantes é influenciado por uma ciência híbrida que mesclava sociologia e matemática, que aplicava fórmulas baseadas em estatísticas e probabilidades para calcular acontecimentos futuros e assim permitir ou tentar evitar que viessem a se confirmar, a chamada Psico-História, a qual era aplicada as massas, pois para uma elaboração precisa era necessário a avaliação sociológica, cultural e econômica de sociedades com muitos milhões, ou bilhões de indivíduos. Era totalmente ineficaz a tentativa de aplicar a Psico-história a indivíduos isolados, porque o indivíduo é imprevisível.


Karel Capek, é mais um destes visionários que questionam os limites da inteligência humana. Ao mesmo que celebrava o progresso tecnológico, suas obras pregam a cautela contra o pensamento estreito, a corrupção e a ambição. Em sua obra intitulada “A Guerra das Salamandras” ele aborda o interessa da humanidade em explorar formas de vida alternativa, mostrando um mundo caótico depois que o ser humano consegue escravizar uma espécie inteligente de salamandra. Em sua peça R.U.R, critica o racismo e emprega pela primeira vez na história o substantivo robô, derivado de robota, que em tcheco quer dizer trabalho.



Rumando para os visionários não menos vanguardistas, que procuravam alertar a humanidade através da distopia, encontramos Aldous Huxley, uma das grandes mentes no século passado. Huxley lança mão de toda sua criatividade e inventividade ao antever futuras sociedades distópicas. Em “Admirável Mundo Novo”, a estabilidade social leva a pré-fabricação dos cidadãos pelo Estado, no Centro de Condicionamento Pavloviano, numa ferrenha crítica ao sistema capitalista e consumista; e, em “O macaco e a Essência”, escrito em meio aos blefes nucleares da Guerra Fria, o tema em voga é uma catástrofe a nível global, que desencadeia uma hecatombe atômica, levando a destruição de grande parte do mundo, emergindo uma bizarra sociedade em meio à destruição; já em “A Ilha”, o autor altera sua fase distópica e resolve ser mais otimista ao escrever sobre uma sociedade ancorada na cultura e na educação que vive em paz e harmonia na Ilha de Pala.


Outro grande personalidade distópica é George Orwell, que segue na mesma linha de Huxley, em sua impactante obra “1984”, descrevendo um mundo totalitarista construído na base da educação manipulada dos acontecimentos históricos e da opressão social, onde o Estado controlador usa do slogan: “Ignorância é Força, Guerra é Paz e Liberdade é Escravidão”. Seria Orwell um dos precursores da Teoria da Conspiração?

Para terminar esta lista não poderia ficar de fora Anthony Burgess, o célebre autor de “Laranja Mecânica”, uma das obras mais brilhantes e perturbadoras do século passado, em que o escritor nos arremessa para dentro de uma sociedade futurista onde a violência atinge proporções gigantescas e provoca uma resposta igualmente agressiva de um governo capitalista, porém totalitário. Ao lado de “1984” e de “Admirável Mundo Novo”, “Laranja Mecânica” é um dos ícones literários da alienação industrial que caracterizou o século XX. Foi adaptado com maestria para o cinema em 1972 por Stanley Kubrick.

O mundo da literatura é infindável, nunca seremos capazes de ler todas as grandes obras criadas, conhecer todos os autores profundamente. Mas alguma delas tornam-se cruciais para uma melhor compreensão de nossa situação humana, como as obras de ficção científica, por exemplo, que ao visualizarem um futuro conturbado e caótico, baseados pelos acontecimentos contemporâneos, nos remetem para dentro de nossos confins mentais, retratando a face de uma humanidade sem rumo, a deriva em seus devaneios ideológicos.   

Mangue Beat e os Homens Carangueijos

       Assim como acontece em todas os grandes centros urbanos, o progresso desajustado e sem controle, foi invadindo Recife e obstruindo suas artérias, os mangues – que pela troca de matéria orgânica entre a água doce e a água salgada formam um dos ecossistemas mais produtivos do planeta Terra. Está cínica noção de desenvolvimento não tardou a revelar fragilidade, e o Recife em poucas décadas passou a mostrar sinais de esclerose econômica e caos urbano, sendo considerada umas das piores cidades do mundo para se viver. O sufocante reflexo demagógico deste desenvolvimento progressista à custa da degradação ambiental, despertou um dos movimentos mais criativos da música mundial das ultimas décadas. No início dos anos 90, dois visionários “carangueijos pensantes”, como eram conhecidos Chico Science e Fred 04, juntamente com suas bandas nação Zumbi e Mundo Livre S/A, decidiram expor toda sua insatisfação e revolta perante a sociedade através de sua principal arma, o poder da expressão através da música, fundindo então sons do rock psicodélico, groove e funk, com ritmos tradicionais da música pernambucana e nordestina como a embolada e o maracatu, os “caranguejos com cérebro” plugaram sua antena ideológica na lama do mangue e passaram a transmitir suas ondas de reflexão sonora contra o sistema.


Mundo livre SA
Fred 04 e o Mundo Livre S/A.

 O manifesto cultural do MANGUEBEAT, é um grito de alento usado por estes pensadores para despertar as mentes diante do cinismo hipócrita que serpenteia as congestionadas estradas do progresso capitalista.


Chico Sience e Nação Zumbi
Chico Science e Nação Zumbi
   O Mangebeat não  traz somente uma sonoridade ímpar, as canções são carregadas de letras ideológicas e de reflexão, verdadeiras poesias musicais emergidas do caos humano e urbano, questionando as  atitudes humanas diante o meio ambiente e suas relações.   
              Manguebeat a revolução sonora encrustrada no manguezal, um VIVA a estes revolucionários que cantam e também cantaram um dia, como já dizia o saudoso Chico Science na letra da música "Monólogo ao pé do ouvido":
                                            
                                            "...Viva Zapata!
                                            Viva Sandino!
                                            Viva Zumbi!
                                           Antônio Conselheiro!
                                          Todos os panteras negras
                                         Lampião, sua imagem e semelhança
                                        Eu tenho certeza, eles também cantaram um dia
."

Geração Beat

Estupefatos com ordem capitalista pré-estabelecida no cotidiano norte americano pós segunda guerra mundial, um grupo escritores norte americanos se reúne e resolve fazer sua própria revolução cultural. Adotando um estilo de vida incompatível ao statos quo da tradicional sociedade da época, estes jovens buscavam um novo modo de ver e entender o mundo por meio da literatura enquanto faziam experiências com drogas, jazz progressivo e zen-budismo.
Entorpecidos de álcool e anfetaminas, acreditavam que alcançariam um grau maior de elevação de consciência através do desregramento dos sentidos. Vestiam camisetas e calças jeans, escreviam freneticamente seus pensamentos embalados pelo ritmo do jazz celebravam a não conformidade e a criatividade espontânea. Desenvolveram a reputação de boêmios hedonistas, uma vez que levavam uma vida a base de sexo livre, drogas, jazz e literatura, fazendo do prazer a finalidade maior de suas vidas.
O estilo frenético e transgressor do comportamento beat é expresso nas obras de seus principais membros, como Jack Kerouac, Allen Ginsberg, William Burroughs, Neal Cassady, Gregory Corso e Lawrence Ferlinghetti. Apesar de Charles Bukowski não se considerar um beat, o mesmo até mantinha alguma certa relação de amizade com alguns membros, seu estilo de escrita e comportamento o torna um membro honorário.
            Os boêmios hedonistas retratavam suas experiências de vida em suas viagens, tanto aditiva quanto literalmente, de uma maneira realista e quase sempre autobiográfica. 
            A filosofia beat foi personificada por Kerouac na obra “On The Road” – principal livro beat, onde o autor descreve numa versão literária, sua vida e a de seus parceiros numa jornada através dos Estados Unidos.
            O impacto desta obra foi tamanho que especula-se que Bob Dylan teria fugido de casa depois de lê-lo, assim como Chrissie Hynden, dos Pretenders. Muitos artistas, compositores e principalmente músicos do rock, inspiraram-se depois do contato com a literatura e ideologia beat.
            A mensagem da revolução cultural dos beatniks – mudanças na linguagem e costumes – repercutira decisivamente sobre o comportamento dos jovens anos mais tarde com o aparecimento das comunidades hippies nos anos 60 e depois com os punks nos anos 70. 
           Mas o frenético estilo de vida beat com o passar dos anos acabaria colidindo com o muro de ideais capitalistas e culturais que a sociedade erguia, restando nas drogas a saída do labirinto que tinham construído. Allen Ginsberg retrata as consequencias da geração em seu poema Uivo, em uma de suas passagens ele escreve: "Eu vi as melhores cabeças de minha geração destruídas pela loucura".
           Décadas mais tarde a ideologia de liberdade e não conformidade pregada pela geração beat seria retomada, inspirando a geração hippie da década de 60 e posteriormente os punks nos idos da década de 70. A contribuição dos beats foi imensa para a juventude quebrar paradigmas e aumentar a busca pela expansão da consciência.

Artes Plásticas - ordem e significado através das cores e formas

            É através desta forma de expressão humana que nossos ancestrais deixaram seus primeiros relatos nas paredes das cavernas a alguns milhares de anos atrás. Desde então as artes plásticas vêm inebriando nossa imaginação, contribuindo para o desenvolvimento cultural da espécie humana.
            O encantamento pelas cores é algo que transcende os limites da razão, elas não só apenas fascinam, mas arrebatam e produzem modificações na alma, quer despertando júbilos e ânimo, ou causando melancolia e abatimento.
            O homem encontrou no uso das artes plásticas a maneira ideal para dar forma concreta a suas idéias; e, através das cores, expressar suas mais intensas emoções. O artista, emprega toda sua habilidade e seu intelecto para construir formas e imagens que revelem uma concepção estética e poética de um determinado momento histórico, extraindo da bagagem cultural, adquirida durante a experiência de vida, as inspirações e as motivações necessárias para transformar simples objetos, em sublimes artefatos que transbordam de significados.
Uma obra de arte não melhora com o tempo, e estranhamente, também não piora com ele. Esta dicotomia aponta para o poder atemporal produzido pelas mesmas, e mostra também, que o que muda é o modo como às características ou padrões se manifestam pelo decorrer dos tempos.
A importância das obras de arte é de suprema relevância para buscarmos um melhor entendimento de nossa precária situação humana. Ao sermos expostos perante a complexidade do mundo de formas e cores das manifestações artísticas, somos arremessados a longínquas jornadas através dos tempos, penetrando os vastos labirintos da reflexão, promovendo o alargamento da consciência.
Numa sociedade tão desequilibrada quanto a nossa, a chave para a mudança de pensamento, reside na busca pelo conhecimento através da disseminação cultural.
Deixamos aqui então nossa admiração por estes veneráveis artistas que influenciados por suas emoções, sua personalidade e seu estilo de vida, transformaram seus estímulos em elementos estéticos carregados de significado.

Literatura

            Dentre as formas de arte, talvez aquela que exija a maior dedicação do receptor. Sentar, abrir um bom livro, e deleitar-se com as palavras, neste atual cenário modernista globalizado, onde o tempo é considerado dinheiro, pode ser para muitos um ato de bravura, pra não dizer loucura.
Consumidos pela rotina, vemos a vida passar rapidamente diante de nós, em busca da realização profissional, nos elevando ao grau de seres técnicos altamente desenvolvidos, para podermos decifrar manuais e rotinas de trabalho, da forma mais eficiente possível, afinal de contas, qual o interesse em interpretar as eternas poesias de Shakespeare, ou ser transportado para futuros distópicos e utópicos através dos livros de ficção de Huxley, uma vez que estes não vão nos guiar a especialização necessária para alcançar o “tão sonhado” diploma, que nos tornará aptos à sobrevivência material, com o intuíto de conseguirmos um fabuloso emprego, e depois sair em peregrinação aos templos comerciais em busca da felicidade suprema, consumindo os moderníssimos artefatos da indústria cibernética tecnológica contemporânea. 
A questão não é julgar o mérito dos bons profissionais, mas sim a aptidão de formar cidadãos, munidos de capacidade crítica e discernimento à convivência coletiva, para podermos encarar de frente a verdadeira situação humana, desprovidos das extravagantes máscaras da modernidade.    
O sublime ato da leitura rompe com as crenças, esmaga as ideologias, estraçalha as verdades que nos foram transmitidas até então, arrebatando-nos às profundezas abissais da consciência, onde nos deparamos com a bonança dos paraísos da reflexão.
Portanto se você não é muito chegado em leitura, procure ler um pouco, dedique um pequeno ócio de sua conturbada vida, deixe-se seduzir pelos encantos da literatura, saia por alguns instantes da rotina mundana que o envolve.
           Transmute-se e deixe-se invadir pela sutil perplexidade que paira no universo literal!

Música

Música

Jazz, Fusion, Blues, Funk, Soul, Punk, Grunge, Hip-hop, Rap, Reggae, Country, Rock, Guitar Blues, Rockabilly, Rock Progressivo, Bluegrass, Ska, Hard Rock, Heavy metal, Bossanova, Rhythm an blues, Smooth Jazz, Folk, Samba, Grove… Rotular de qualquer forma que seja esta combinação orquestrada de sons e silêncio pré-organizada em tempos, é uma tarefa árdua. Certo é que ela eleva nossos sentimentos, transcendendo os limites da razão.  
 As obras de arte tendem a nos transportar para realidades paralelas das quais habitamos, estimulando-nos a meditação, ou, em alguns casos, simplesmente servindo como um intenso ópio para abrandar as tensões sociais que perturbam nossas fadigadas mentes.
É bem verdade que a prostituição cultural é crescente, principalmente na esfera musical, onde o poder de manipulação da mídia anda de braços dados com a busca desenfreada pelo lucro capital, e não sabemos se este dilema nos abandonará algum dia, mas o fato é que existem alternativas alastrando-se lentamente pelas margens de nossa caótica sociedade, um universo que se abre paralelamente à indústria contemporânea do lazer e da cultura.
Deixando a repugnância do mainstream de lado, vamos começar nossa jocosa jornada através da via-láctea musical, pelos democráticos e espontâneos sítios harmônicos do Jazz, postando alguns nomes e contando um pouco da história deste explendoroso ritmo sonoro.


           
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