segunda-feira, 11 de junho de 2012

Mangue Beat e os Homens Carangueijos

       Assim como acontece em todas os grandes centros urbanos, o progresso desajustado e sem controle, foi invadindo Recife e obstruindo suas artérias, os mangues – que pela troca de matéria orgânica entre a água doce e a água salgada formam um dos ecossistemas mais produtivos do planeta Terra. Está cínica noção de desenvolvimento não tardou a revelar fragilidade, e o Recife em poucas décadas passou a mostrar sinais de esclerose econômica e caos urbano, sendo considerada umas das piores cidades do mundo para se viver. O sufocante reflexo demagógico deste desenvolvimento progressista à custa da degradação ambiental, despertou um dos movimentos mais criativos da música mundial das ultimas décadas. No início dos anos 90, dois visionários “carangueijos pensantes”, como eram conhecidos Chico Science e Fred 04, juntamente com suas bandas nação Zumbi e Mundo Livre S/A, decidiram expor toda sua insatisfação e revolta perante a sociedade através de sua principal arma, o poder da expressão através da música, fundindo então sons do rock psicodélico, groove e funk, com ritmos tradicionais da música pernambucana e nordestina como a embolada e o maracatu, os “caranguejos com cérebro” plugaram sua antena ideológica na lama do mangue e passaram a transmitir suas ondas de reflexão sonora contra o sistema.


Mundo livre SA
Fred 04 e o Mundo Livre S/A.

 O manifesto cultural do MANGUEBEAT, é um grito de alento usado por estes pensadores para despertar as mentes diante do cinismo hipócrita que serpenteia as congestionadas estradas do progresso capitalista.


Chico Sience e Nação Zumbi
Chico Science e Nação Zumbi
   O Mangebeat não  traz somente uma sonoridade ímpar, as canções são carregadas de letras ideológicas e de reflexão, verdadeiras poesias musicais emergidas do caos humano e urbano, questionando as  atitudes humanas diante o meio ambiente e suas relações.   
              Manguebeat a revolução sonora encrustrada no manguezal, um VIVA a estes revolucionários que cantam e também cantaram um dia, como já dizia o saudoso Chico Science na letra da música "Monólogo ao pé do ouvido":
                                            
                                            "...Viva Zapata!
                                            Viva Sandino!
                                            Viva Zumbi!
                                           Antônio Conselheiro!
                                          Todos os panteras negras
                                         Lampião, sua imagem e semelhança
                                        Eu tenho certeza, eles também cantaram um dia
."

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