segunda-feira, 30 de julho de 2012

A fantasmagórica e perspicaz visão opressiva de Franz Kafka


literatura, escritor
Franz kafka
O pensamento de Franz Kafka retrata a sensação de impotência do ser humano diante à complexidade burocrática de um Estado opressor; uma fantasmagórica analogia a sua conturbada infância, que fora desenvolvida em meio a um atormentado sistema familiar comandado pela figura estóica e suprema de seu pai - as consequências deste atribulado relacionamento foram descritas por Kafka em uma longa carta, na qual demonstra toda sua mágoa e sofrimento oriundos do comportamento autoritário paterno. Tal carta nunca fora enviada ao destinatário e tornou-se posteriormente mais uma de suas obras póstumas, intitulada "Carta ao Pai". O trauma da infância reprimida e do problema com seu pai foram a matéria prima usada por Kafka para criar o clima tenso e claustrofóbico que caracterizam o estilo de sua escrita. Esta sensação desnorteante de angústia e sofrimento, a busca de uma identidade, a solidão como forma de fuga, a falta de objetivos na vida estão presentes no comportamento dos protagonistas das estórias de Kafka, que no fundo são metáforas projetadas de seus pensamentos e idéias, as quais vêm a se assemelharem às situações reais que permeiam o seio da civilização humana cada vez mais esparsa e confusa. Sentir e entender a filosofia kafkiana através da leitura de suas obras é como ingressar por uma uma profunda jornada rumo a auto-análise, sobretudo a respeito do comportamento humano na condição de seres que integram uma civilização, onde os questionamentos existenciais cruzam-se às teorias, dogmas e paradoxos impostos sistematicamente.

amigo e testamenteiro literário de Franz kafka
Max Brod
A lucidez do sofrimento de Kafka, inegavelmente não poderia ser esquecida, e, se hoje, temos acesso ao seus pensamentos, é graças a visão salvadora de Max Brod, seu amigo e testamenteiro literário. Kafka publicara apenas algumas poucas obras em vida, e o destino do restante delas teria sido condenada ao ostracismo, uma vez que deixou instruções a Max Brod para queimar todos os originais inéditos após sua morte, sendo que este, para nossa satisfação, teve a brilhante idéia de contrariar o desejo do amigo.








Algumas de suas principais e mais influentes obras:

 
Franz Kafka
O Veredicto - 1912
Franz Kafka
O processo - 1914


Franz Kafka
A metamorfose - 1915
Franz Kafka
Carta ao pai - 1919


Franz Kafka
O castelo - 1926




            
















quinta-feira, 19 de julho de 2012

A renúncia metafísica de Giorgio De Chirico

Influenciado por textos de filósofos como Nietzsche e Schopenhauer De Chirico retrata os conflitos da existência humana sob uma ótica melancolicamente enigmática, construindo paisagens oníricas e desprovidas de vida, carregadas de solidão e silêncio, onde o ser humano aparece sempre deslocado e perdido. Essa idéia de desclocamento e sensação de irrealidade moldam o caráter de sua obra metafísica.


Giorgio de Chirico
O Enigma da Hora (1912)

Os enigmas visuais que De Chirico propõe e descreve através de suas pinturas, nos remetem à instigantes jornadas rumo aos paraísos da reflexão, onde nos deparamos com conflitantes choques entre as teorias da civilização e existência humana. 

Giorgio De Chirico
Melancolia de Uma Bela Tarde (1913)

As atmosferas de calor e sol azul que permeiam grande parte das paisagens de suas pinturas, são típicas do verão mediterrâneo da costa leste Italiana, onde De Chirico viveu boa parte de sua vida. 

Giorgio De Chirico
Piazza d'Itália (1915)


Giorgio De Chirico
O Enigma do Oráculo (1910)


Os quadros de Giorgio De Chirico sãs repletos de figuras e sombras deslocadas que enchem a cena de mistério e sentidos ocultos, obrigando o observador a uma análise perene e profunda. Um simples olhar, não basta, para penetrar no abismo mental de De Chirico. 

Giorgio De Chirico
As Musas Inquietantes (1916)

O pintor criou uma corrente surrealista antes mesmo do manifesto surrealista, influenciando artistas como Max max Ernst, Salvador Dalí e René Magrite. 

Giorgio De Chirico
Heitor e Andrômaca (1917)

Em meados da década de 30, quando já era famoso e com muitos seguidores devido ao seu surrealismo, incrivelmente De Chirico resolve abandonar todo seu estilo, que o consagrara até então no mundo das artes, mudando para o estilo clássico, que o acampanhou até o final de sua vida, aos 91 anos, quando morreu de parada cardíaca em Roma. Embora tenha renunciado seu estilo metafísico do passado, ele continuou famoso sobretudo pelas obras criadas justamente nesse período (1909 e 1919). Foi como o pintor metafísico que Giorgio De Chirico deixou sua eterna contribuição para o mundo das artes.







  



terça-feira, 10 de julho de 2012

Seres humanóicos - um império de insensatez

electromundo
             A fenomenal sociedade racionalista humanóica* cria algumas situações que beiram os abismos da perplexidade, como por exemplo o teor da palavra humanidade.
            Do Latim HUMANUS, “relativo ao homem”, derivado de HOMO, “homem”, relacionado a HUMUS, “terra”, pela noção de “seres da Terra”, em oposição aos seres divinos.
No dicionário de língua portuguesa o significado da gloriosa palavra Humanidade, s.f. Natureza humana, o gênero humano, clemência, compaixão, benevolência; pl. o estudo das letras clássicas , consideradas como instrumento de educação moral.
De uma foma mais convincente, a palavra originária do latim, tenta achar um significado mitólogico e carnal para a origem tão misteriosa desta espécie.
Agora, as variações e vertentes da palavra humano que foram criadas através dos tempos, por doutrinários e mestres das línguas e das letras, chega a beirar o absurdo, ou talvez aproxime-se de um significado utópico esperançoso e benevolente?
Imaginamos agora nosso admirável planeta habitado por seres HUMANOS!!!!! Quanta benevolência, uma sociedade irradiando clemência, resplandencendo compaixões desvairadas pelas praças públicas, com uma tremenda inclinação aos estudos clássicos e à educação moral!!!!! Em vez de guerras as nações mostrariam suas forças em festivais de cultura. Um espetáculo tão sublime quanto utópico.  
Este antagonismo reflete o caráter hipócrita de uma formação cultural cunhada à base do condicionamento filósofico e religioso, por pessoas e mentes que assumiram a responsabilidade do controle sistêmico. Para que? Em busca de uma evolução coletiva?
Quem sabe existam paraísos espirituais ou alguma forma de energia evoluída em algum plano superior - se é que existem tais planos - mas tentar conciliar o significado da palavra humanidade com o ritmo de vida social que absorve o cotidiano humano, parece um tanto quanto perturbador.
Ou será, que a indústria farmacêutica usa de sua benevolência para testar medicamentos no excluído povo africano, que sucumbe diante da fome, rodeado pelas pragas das miséria e da doença, amargurando trinta e alguns penosos anos de vida, enquanto o resto do mundo se farta e engorda como nunca, às custas da exploração extrativista e do excesso gerado pelo consumismo?    
E os famigerados detentores do controle petrolífero, que exercem sua compaixão com a mãe Terra, sugando o plasma de suas entranhas e devolvendo-o em forma de gases e poluição?
E o que dizer dos magníficos líderes políticos de uma democracia demagoga, e não menos escrota, que usam suas habilidades adquiridas nas Universidades de Estudo das letras clássicas e da educação moral, onde desenvolvem as artimanhas para manter o atual estado das coisas?
Olhando para este deturpado cenário fica difícil deslumbrar um horizonte iluminado pelos raios do otimismo. Então que tal procurar arrancar,  em meio a esta paranóica aglomeração de seres sociais, a máscara linguística e buscar um significado mais real para a nomenclatura da espécie, com um novo substantivo, em vez de seres humanos passamo-nos a ser reconhecidos como seres humanóicos.


*Racionalismo humanóico: comportamento coletivo paranóico aflorado pela rotina contemporânea; um estilo de vida baseado na frenética conquista material onde as questões existenciais sucumbem perante a esquizofrênica concepção materialista.  


Por Leonardo Barden

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Bicicleta: a (r) evolução sustentável.


electromundoblog
Mover-se pelas cidades brasileiras, e especialmente pelas grandes metrópoles, está se tornando um martírio. O ilusório progresso consumista, vem a cada dia que passa, elevando os índices de vendas de veículos, partindo do pressuposto que o crescimento da indústria é responsável pela estabilidade econômica e social da população; somando-se a esta filosofia consumista, existe ainda a gigantesca e poderosa indústria petrolífera, com sua intricada rede de influências comerciais e políticas; e, compartilhando dessa mesma ótica, o governo, que se nutre dos interesses dessas grandes corporações, permanecendo inerte diante a estes fatos e nada acrescentando a respeito de novas idéias e projetos de transporte público e ou alternativo para amenizar o caos rodoviário. Estudos, e pesquisas já apontam que nesse ritmo de produção e consumo de automóveis, as grandes cidades brasileiras ficarão eternamente congestionadas, todos os dias, todos os horários, a qualquer momento. Sem falar na emissão de gases, no efeito estufa, nas mortes e nos gastos que rede pública de saúde tem com feridos e acidentados. Enquanto isso, o meio de transporte mais simples e benéfico já descoberto até então, aquele que usa todos os elementos do bom senso (não polui, não faz ruído, não necessita consumir combustível, ocupa menos espaço nas ruas, e além de tudo faz bem a saúde e a mente) encontra-se cada vez mais marginalizado, renegado pelo sistema e consequentemente pela população, a não ser por uma singela parcela de aficcionados, corajosos e aventureiros, que enfrentam as agruras deste caótico conjunto de leis e princípios que regulam a ordem das coisas. Além de todos os  benefícios ja citados, o simples ato de pedalar numa bicicleta é fascinante e extremamente prazeroso. O contato do corpo diretamente com as forças atmosféricas e gravitacionais, o ar penetrando pelos pulmões, sentir as reais noções de espaço e de tempo que separam as distâncias, e que são despercebidas quando se esta atrás de um motor, ou em cima dele, aguçam as percepções. Esta aproximação com as leis do universo aliados a alta eficiência sustentável, fazem da bicicleta não somente um meio de transporte essencial para uma nova era, mas também uma forma harmoniosa de percorrer o tempo.   

sexta-feira, 6 de julho de 2012

David Bowie - o camaleão do rock



David Bowie
Ziggy Stardust
Desvendar a obra de Bowie é como iniciar uma longa jornada através das profundezas de sua galáxia mental, onde cada  álbum, cada momento de sua carreira, constitui um planeta a ser explorado. Suas criações são climatizadas numa densa atmosfera ideológica composta de música, poesia, filosofia e alucinantes apresentações visuais. Bowie, além de exímio guitarrista e compositor, assume a identidade e personalidade dos personagens criados em suas obras, produzindo magnificas performances teatrais e sonoras, fazendo do palco uma extensão de sua mente. Com essa capacidade de inovação constante, adquiriu a alcunha de camaleão, influenciando vários artistas e gêneros musicais como o punk, o gótico, o glam rock e o grunge. Um artista completo que compõe, toca, canta, interpreta e se reinventa continuamente, como uma estrela que nasce e brilha, e repousa na galáxia esperando pela grande explosão para se extinguir, ou, quem talvez, para recomeçar novamente.  


Música Starman do albúm The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars, de 1972. Neste álbum David Bowie conta a estória de um ser alienígena Ziggy Stardust, que vem para salvar a Terra que seria destruída, e acaba formando uma banda Spiders from Mars. Ele se torna uma estrela, faz tremendo sucesso e acaba não resistindo as tentações e exageros do mundo do rock indo ao encontro do morte, através do suícidio.    

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