segunda-feira, 22 de abril de 2013

Diálogo ao léu, inspirado em Aldous Huxley (A situação humana)



 Diálogo ao léu inspirado em Aldous Huxley (A situação humana)

Sentados sob a majestosa sombra de uma velha árvore, no alto da montanha, com o vento soprando levemente sobre seus corpos, em algum lugar nos confins da civilização humana, dois seres, bebem cerveja e ao mesmo tempo, tecem um sincero diálogo que não os levará a lugar algum, nem tampouco deixará de ser menos coerente e peculiar do que muitos dos disparatados e incongruentes debates que inundam as linhas do metódico universo virtual: 

- Ei meu caro, qual o seu problema? - Há dias que percebo um certo aroma de agonia exaurindo por seus póros!!
GLUB.GLUB.GLUB. Secando os lábios molhados com o punho - Meu chapa, há quanto tempo eu te conheço?
- Sei lá bicho, mas certamente já deixamos de ser estranhos entre si a algumas milhares de horas.
- Pois bem, nos conhecemos suficientemente bem, compartilhamos muito de nossas reflexões a respeito do que pensamos ou acreditamos. Discordamos de algumas análises e opiniões, obviamente, mas tampouco isso nos perturba ao ponto de repudiarmos um ao outro. Também é sabido que nossas desavenças um pouco mais ásperas, aconteceram, em parte, devido à ignorância escancarada diante de nós, pela falta de experiência e pela arrogância de um ego, construído e moldado em meio a paranóia filosófica e religiosa que cerca a humanidade.
- Essa ultrajante situação humana às vezes me causa repugnância, e faz-me questionar sobre os procedimentos e padrões atuais que são usados para dar significado entre as relações homem/mundo e homem/homem.
Uma pausa para molhar os bigodes em mais um reanimador trago de cerveja.
- E todo este processo existencial ocorrendo em meio a um eterno lapso de espaço e tempo onde nossas experiências vão se acumulando, colidindo uma com as outras, e vagando em direção a complexidade do todo e ao mesmo tempo deparando-se ante a vazia imensidão do nada; como numa imensurável e constante dança embalada por infinitas vibrações mutáveis de ritmos, e que em determinado instante, inesperdamente,  depara-se com obstáculos que porventura elevam-se diante o caminho que nos guia rumo a compreensão das relações físicas e energéticas que nos envolvem e, que de certa maneira, nos mantém.
- Sim, isso mesmo! Vamos percorrendo as veredas do tempo, topando com situações inconvenientes que, muitas vezes, nascem de um sistema de leis e crenças que insiste em manter o pensamento humano oscilando entre lucidez e loucura, através de um intrincado universo, repleto de linguagens e símbolos, que existem para transmitir conhecimento e sabedoria, e ao mesmo tempo também são expostos de forma tendenciosa e condicionante para tentar camuflar as reais percepções existenciais.
- Essa poliopia teórica é um dos grandes dilemas, mas possuir a capacidade para distingui-las e filtrá-las, é uma tarefa árdua, e para isso devemos tentar fortificar ainda mais a bagagem de conhecimento, aguçando a sensibilidade, tendo paciência para olhar e principalmente buscar o domínio sobre desejos e vontades.
- Apreender a refletir e interagir nos obriga a se desfazer de um disfarce, o de querer ser o que não somos.

Uma imensa pausa se inicia, acompanhada pelo ruído do vento.

- E então, afinal de contas, somos?
- O que?
- Aquilo que realmente não somos?
- Quem sabe um dia, talvez seremos? Me passa aí mais uma cerveja, por obséquio.

E nisso seus corpos começam a se dissolver, transformando-se num cintilante líquido amarelo dourado que vai sendo lentamente sugado pela Terra.   


Por Leonardo Barden

segunda-feira, 15 de abril de 2013

A sátira aquarelamente depravada de Thomas Rowlandson

Em meio ao desgastante período de guerras e revoluções que imperavam na Europa durante a era Napoleônica, Thomas Rowlandson encontrou uma válvula de escape para expressar seu instinto cômico através da arte, rindo das fraquezas e vulgaridades da natureza humana.
Possuía uma inesgotável capacidade para transformar gestos e expressões da rotina, em alegres desenhos com pena e aquarela, que muitas vezes perturbam o espectador, com suas chocantes imagens de cunho erótico e sexual.
As características mais notáveis do estilo e de de seu humor residem na justaposição de personagens contrastantes, como o jovem e o velho, o grotesco e o belo, o rico e o pobre, todos divertidamente retrados em suaves e formosas aquarelas.

Thomas Rowlandson
Os pecadores piedosos
























Thomas Rowlandson
O concerto


















Thomas Rowlandson
A assembleia



















Thomas Rowlandson
O paxá




















Thomas Rowlandson
Os adúlteros descobertos




















Thomas Rowlandson
Uma cena de um falso cidadão




















Thomas Rowlandson
O engajamento




















Thomaz Rowlandson
Pornografia étnica























Thomas Rowlandson
Alegre colheita






















Thomas Rowlandson
Renovação espiritual

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