sexta-feira, 28 de junho de 2013

O absurdo existencial de Albert Camus

retrato
Albert Camus
A afirmação de que a vida tem um imenso valor, mas é banalizada pela morte que a priva de significado, molda o dualismo paradoxal presente na instigante obra de Camus. A sensação absurda, que todos nós já tivemos ou ainda teremos, da falta de sentido no mundo, levou Albert Camus a conclusão de que para sobrevivermos em meio a esta panaceia existencial, seria melhor deixar de lado as ambições e pensamentos e concentrarmo-nos nas atitudes e vivencias cotidianas; ideias estas, que aliás, acabaram-no rotulando-o como existencialista, apesar dele rejeitar tal rótulo.
O questionamento a respeito da inútil exploração em busca de um significado num mundo incompreensível,  nos leva a uma profunda e reflexiva análise do âmago da civilização humana cada vez mais difusa, impessoal e burocrática, que no decorrer de sua extensa jornada ainda não conseguiu encontrar um caminho que a leve a evolução. 
Temas sobre a confusão existencial humana recorrentes em suas obra ajudaram-no a figurar entre os grandes seres "construtores de pontes", àqueles que procuraram, através da arte, encontrar um lampejo de compreensão sobre a ordem cósmica que atua sobre nossas mentes e nos mantém acordados em meio a uma agonizante sociedade.


Algumas de suas principais obras:


Albert Camus
O estrangeiro - 1942





Um estrangeiro, é assim que o personagem principal da obra se sente, ante a sensação de um mundo sem sentido. Isolado em seu âmago, o jovem argelino Meursault é levado a julgamento por matar um homem, porém não é a natureza do crime que ofende o tribunal, mas sim sua recusa ao remorso, sendo assim, considerado subumano por sua não conformidade. Seu desapego e sua alienação emocional acabam levando-o à morte.











Albert Camus
A peste - 1947




Em A Peste, Camus faz uma alusão alegórica à ocupação da França pelos nazistas, onde os cidadãos da cidade argelina de Oran são assolados por uma praga oriunda dos ratos e ficam privados do mundo exterior. Em meio ao agonizante cenário de caos social o triunfo do espírito humano é o resultado da decisão unilateral de trabalhar juntos em vez de buscar soluções pessoais.














Albert Camus




A Queda levanta a questão sobre o egoísmo e felicidade, num elegante monólogo do bem sucedido advogado de defesa parisiense Jean-Baptiste Clemence, que equivale a uma confissão: toda uma vida dedicada a ajudar fracos e oprimidos se desmancha na hipocrisia complacente de ações realizadas para sua exclusiva satisfação. Foi seu último livro.














Albert Camus
O mito de Sísifo - 1942



Na literatura grega Sísifo foi condenado a empurrar incessantemente uma pedra até o topo de um monte apenas para vê-la rolar até embaixo novamente, uma metáfora dolorosa para muitos trabalhos modernos: fúteis, sem esperança e repetitivos. Camus tenta extrair da lenda homérica as circunstâncias exatas que levaram a este extremo castigo.






















Albert Camus
O homem revoltado - 1951





Camus também examinou a ideia da rebelião em seu longo ensaio O homem revoltado.

















" O que é a felicidade senão a mera harmonia entre um homem a vida que ele leva?" - Albert Camus














quarta-feira, 19 de junho de 2013

Restam dúvidas em cima do imenso muro que me mantém suspenso sobre o abismo da civilização humana?




Um dia qualquer desses, você acorda, sai às ruas e ou liga seu computador e depara-se com notícias e informações sobre protestos e manifestações espalhadas pelas ruas, pessoas revoltadas e indignadas clamando seus direitos contra os agentes que regem a onipotente máquina sistêmica. Imediatamente angustiantes dúvidas pousam sobre meus ombros, debruçando um extenuante peso carregado de sentimentos mesclados de esperança e desânimo. Esperanças por querer acreditar que as pessoas, por menor que seja a parcela delas, estão fartas de manipulações demagogas de um governo corrupto que procura fornecer o conforto social através do incentivo ao consumo, com uma pífia política de emprego, contribuindo assim para abastecer com mão de obra barata àquelas que são suas maiores fomentadoras: as grandes corporações. E mesmo tentando minimamente ser racional e realista, o desânimo surge a rondar as janelas de uma paranóica lucidez, construída e moldada em meio à doutrinas, teorias e conspirações oriundas deste processo ideológico que nos domina e abomina. E inebriado por divagações procuro não perder a sensibilidade e me consolo nos braços de um surrealismo utópico e romântico baseado numa apreciação otimista da natureza humana que considera o governo (dominação) como o mal absoluto. Diferente disso, só me resta viver em meio a doença desta vida materialmente ilusória, construída diante de nossos narizes, sedado por altas dosagens de arte, amor e cultura, e algumas cápsulas de outros sentimentos mais puros que ainda não nos foram tirados, procurando encontrar o caminho em busca do autoconhecimento e da evolução mental, ou então, quem sabe, morrer lutando violentamente à procura de uma paz até então nunca encontrada.


Por Leonardo Barden
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