segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Arte: a faculdade de construir pontes

Leonardo Barden
Em determinados devaneios racionais propagados por pensamentos que divagam dentro de minha mente, encontrar-se-á em definido momento a expressão: "construtores de pontes". Tal ferramenta literal foi absorvida a partir das reflexões mentais de Aldous Huxley,  registradas em sua obra "A Situação Humana", um compêndio de quinze conferências proferidas na Universidade da Califórnia no ano de 1959, onde o visionário autor evoca temas que processam questões ligadas à filosofia, história, religião, linguagem, ciência, artes, psicologia, guerra, nacionalismo, traçando com perspicácia uma relação destas com a formação do pensamento coletivo e o estilo de vida da civilização humana. Ao longo deste raciocínio ele valoriza o papel do artista e o define na função de um construtor de pontes dessa relação homem/mundo. 
E a respeito do enfoque insuportavelmente vasto e significante da arte, onde o homem provido de um sistema nervoso que lhe fornece uma abundante e confusa gama de experiências, necessita de alguma maneira encontrar um sistema de ordem e significado, a fim de manter viva a chama da sensatez, através da inevitável e complexa comunhão de símbolos.
Nesse contexto segundo Huxley a função do artista é construir pontes entre fatos objetivamente observados e experiência imediata, entre moral e avaliações científicas, tornando, através das emoções, interessante aquilo que antes era desconhecido ou desinteressante, explicando o mundo não em termos de beleza, mas sim em termos de forma significante.
Desviá-las do caminho da sensatez é uma obsessão das forças opressoras e condicionantes que mantém a normalidade do atual estado das coisas, porém, enquanto elas permanecerem erguidas em meio aos confins da infinidade, sempre existirá àqueles prontos a atravessá-las e outros tantos dispostos a ergue-las.

Por Leonardo Barden

O livro de Huxley:

Aldous Huxley
A situação humana - 1963




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