quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A despretensiosa e mordaz percepção de L. S. Lowry

L. S. Lowry
Auto retrato L. S. Lowry



Laurence Stephen Lowry ou L.S. Lowry, foi um “construtor de pontes”, um estranho pintor modernista, mas acima de tudo, ele era um ser humano qualquer perambulando sutilmente com seu apurado instinto perceptivo por entre os caminhos da existência cotidiana aos arredores da cidade de Manchester, do início do século 19, mais precisamente em Salford, no auge do nebuloso processo industrial britânico. Tamanha devoção a uma vida comum, em meio àquela paranóica aglutinação humana, talvez tenha lhe custado o superficial reconhecimento por parte dos "detentores elitistas" do universo artístico. Mas e quem disse que ele se importava com tal prestígio? Lowry nunca interessou-se em construir uma estima em meio à sociedade artística, pelo contrário, abriu mão dela, para continuar vagando pelas ruas abarrotadas de pessoas que existiam sob densos nevoeiros de fumaça exaladas pelas opressivas chaminés detentoras do capital; e exercer vespertinamente sua tarefa sistêmica de cobrador, permanecendo mergulhado dentro das entranhas do sistema, para durante à noite saciar sua sede de expressão criando um rico e complexo registro de uma época conturbada e sôfrega.
            Durante sua longa carreira de "construtor de pontes" L.S. Lowry produziu uma grande quantidade de pinturas, que iam desde paisagens até retratos de mulheres enigmáticas; porém, foram por seus registros da caótica coletividade urbana, que ficou para sempre lembrado.
            Sua dedicação à profissão de cobrador, rendeu-lhe, além da aposentadoria aos sessenta e cinco anos, à inspiração necessária para catalogar imagens do nefasto período instaurado nas grandes metrópoles inglesas pelo tenso progresso capitalista emergente nas primeiras décadas do século dezenove, onde a classe trabalhadora sucumbia perante a negra nuvem de fumaça e fuligem - oriundas das colossais chaminés corporativas, que inundava o céu da perturbadora metrópole.
            A captação desta sinistra atmosfera é a essência de sua sensibilidade artística, onde o autor faz um registro historio e arquitetônico da época e ao mesmo tempo, de maneira sutil, penetra no âmago do burocrático e estafante estilo de vida adotado por uma civilização até hoje industrialmente humanóica, sem nunca perder o mordaz espírito de ordem e significado transmitido através da arte. 
            As imagens de pessoas e animais que compunham a civilização em seus quadros sobre cenários urbanos, acabaram sendo batizadas de “palitos de fósforo”, pela semelhança física e ao mesmo tempo fria,  que Lowry usava para expressar a melancolia coletiva que se arrastava por entre as fábricas e cortiços da metrópole.
            Mesmo seu nome figurando paralelamente no universo das artes, e algumas de suas obras ainda serem mantidas afastadas do grande público, sua sensibilidade artística ficou evidenciada na história, e continuará contribuindo como ferramenta de reflexão, àqueles perceptivos, transmitindo a essência energética instigante que só a arte consegue emanar. 

Algumas de suas obras:

L. S. Lowry
Ancoats hospital outpatient's hall - 1952

L. S. Lowry
Coming from the mill 1930

L. S. Lowry
Coming out of school 1927

L. S. Lowry
Dwelling, ordsall Lane, salford - 1927

L. S. Lowry
Going To Work

L. S. Lowry
Industrial landscape

L. S. Lowry
Market scene, northern town - 1939

L. S. Lowry
Picadilly Circus
L. S. Lowry
Street scene, 1935
L. S. Lowry
the canal

L. S. Lowry
the cripples, 1949

L. S. Lowry
the fever van, 1935

L. S. Lowry
the pond, 1950

L. S. Lowry
V E day celebrations



L. S. Lowry
River scene industrial landscape - 1935

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