Num mundo onde a pressão acumulada da sobrevivência sistêmica abafa nossos sentidos, procurar libertar-se das angústias fabricadas é um dos ingredientes que contribuem para a motivação existencial.
Imagine-se então viver sob uma opressão escancarada da segregação racial, como os negros no início do século passado, e que mesmo assim, conseguiram, através da arte, produzir um elixir para amenizar as dores físicas e mentais deixadas pela imbecilidade da gananciosa colonização europeia.
Em meio às vastas plantações de algodão nos Estados Unidos, eram submetidos ao trabalho escravo de maneira desumana, todavia com seus corpos consumidos pela fatiga, extraíam energia das profundezas do âmago para entoar versos de lamentação que se transformavam numa jocosa áurea sonora, e que mais tarde acabou por se tornar um dos ingredientes principais do movimento musical mais expressivo da história da humanidade, o rock and roll.
Blues, rythm and blues, soul, gospel, jazz, todos oriundos do processo escravo que a cultura africana trouxe ao mundo.
Plantação de algodão |
Mas este cenário de opressão racial perdurou por muitos anos e ainda sente-se alguns sinais, porém os negros nunca deixaram de lado suas raízes, pelo contrário, como já dizia um James Brown, "Os negros querem curtir e dançar".
Suas tradições culturais sempre foram impactantes e influentes, foi assim com o programa musical de televisão na década de 70, nos Estados Unidos, criado e apresentado por Don Cornelius, o Soul Train.
Don Cornelius - Soul Train |
Soul Train foi um palco onde a atração principal era o coletivo de pessoas anônimas e descoladas que, desligadas do processo mundano, balançavam sensacionalmente seus corpos ao embalo de implacáveis trilhas sonoras. Um verdadeiro espetáculo criativo e envolvente de improvisação e sentimento aonde os dançarinos apenas deixavam-se invadir pela vibração sonora da música. Sensacional.
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