A fenomenal sociedade racionalista humanóica* cria algumas situações que beiram os abismos da perplexidade, como por exemplo o teor da palavra humanidade.
Do Latim HUMANUS, “relativo ao homem”, derivado de HOMO, “homem”, relacionado a HUMUS, “terra”, pela noção de “seres da Terra”, em oposição aos seres divinos.
No dicionário de língua portuguesa o significado da gloriosa palavra Humanidade, s.f. Natureza humana, o gênero humano, clemência, compaixão, benevolência; pl. o estudo das letras clássicas , consideradas como instrumento de educação moral.
De uma foma mais convincente, a palavra originária do latim, tenta achar um significado mitólogico e carnal para a origem tão misteriosa desta espécie.
Agora, as variações e vertentes da palavra humano que foram criadas através dos tempos, por doutrinários e mestres das línguas e das letras, chega a beirar o absurdo, ou talvez aproxime-se de um significado utópico esperançoso e benevolente?
Imaginamos agora nosso admirável planeta habitado por seres HUMANOS!!!!! Quanta benevolência, uma sociedade irradiando clemência, resplandencendo compaixões desvairadas pelas praças públicas, com uma tremenda inclinação aos estudos clássicos e à educação moral!!!!! Em vez de guerras as nações mostrariam suas forças em festivais de cultura. Um espetáculo tão sublime quanto utópico.
Este antagonismo reflete o caráter hipócrita de uma formação cultural cunhada à base do condicionamento filósofico e religioso, por pessoas e mentes que assumiram a responsabilidade do controle sistêmico. Para que? Em busca de uma evolução coletiva?
Quem sabe existam paraísos espirituais ou alguma forma de energia evoluída em algum plano superior - se é que existem tais planos - mas tentar conciliar o significado da palavra humanidade com o ritmo de vida social que absorve o cotidiano humano, parece um tanto quanto perturbador.
Ou será, que a indústria farmacêutica usa de sua benevolência para testar medicamentos no excluído povo africano, que sucumbe diante da fome, rodeado pelas pragas das miséria e da doença, amargurando trinta e alguns penosos anos de vida, enquanto o resto do mundo se farta e engorda como nunca, às custas da exploração extrativista e do excesso gerado pelo consumismo?
E os famigerados detentores do controle petrolífero, que exercem sua compaixão com a mãe Terra, sugando o plasma de suas entranhas e devolvendo-o em forma de gases e poluição?
E o que dizer dos magníficos líderes políticos de uma democracia demagoga, e não menos escrota, que usam suas habilidades adquiridas nas Universidades de Estudo das letras clássicas e da educação moral, onde desenvolvem as artimanhas para manter o atual estado das coisas?
Olhando para este deturpado cenário fica difícil deslumbrar um horizonte iluminado pelos raios do otimismo. Então que tal procurar arrancar, em meio a esta paranóica aglomeração de seres sociais, a máscara linguística e buscar um significado mais real para a nomenclatura da espécie, com um novo substantivo, em vez de seres humanos passamo-nos a ser reconhecidos como seres humanóicos.
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Racionalismo humanóico: comportamento coletivo paranóico aflorado pela rotina contemporânea; um estilo de vida baseado na frenética conquista material onde as questões existenciais sucumbem perante a esquizofrênica concepção materialista.
Por Leonardo Barden